O tocar dos corpos é mero detalhe

Estás acostumada a dividir amores entre passado e presente, descartá-los como algo que não cabe mais no agora. Mas tu não vês que amor não morre. Não, ele tampouco se desfaz. Amor permanece vivo, num canto escuro da tua mente, ou vagando pelo universo: as vezes ele surge em ti novamente, só pra veres que ele ainda existe. E tu ignoras.
Porque pessoas te ensinaram a amar apenas uma pessoa, a pessoa sagrada, a imposta condição de que, se tu não amas apenas uma, amas pouco. E que sempre amas uma mais que outra. Mas amor não se mede!
Quais as dimensões do amor? Peso? Distância? Como tu vai medir e então saber o quê ou quem tu ama mais?
Tu amas mãe, pai, amigos. Tu amas amantes, namoradas, companheiras. Tu amas gato, cachorro, criança. Tu amas o novo e o velho. Tu amas.
Porque então devias deixar de amar? Vais é deixar de beijar, de tocar, de brigar. Deixarás talvez de ver, ou receber notícias. Mas teu amor estará em ti. Ele é a memória marcada nas tuas células, ingrediente que te fez ser quem és hoje. Tudo que vives, te transforma, e com teu amor não é diferente. Ele está ali, em ti, parte da tua vida.
As relações, estas morrem. Deixam de ser amizades e viram romances, pra então virarem amizades novamente. Ou ausência. Mas se o amor ali continua, o tocar dos corpos é mero detalhe. Ele não é mais importante que teu amor. O tocar é feito de medidas, de segundos, pressão, tato. Ele finda.



Pára, então, menina! Pára de forçares o amor pra fora de ti. Pára de exigires que te arranquem os pedaços, os teus amores, tuas memórias, tuas partes! Deixa viver, em ti, a tua história. Aceita os teus amores, que estes também te amam.

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