Depois que eu assisti "Como Esquecer", na semana passada, fui catar por blogs uma opinião crítica sobre o filme. Li muitos desagrados quanto à sensação de repetição e insistência nos mesmo textos, já que a protagonista, por ser professora de Literatura, poderia buscar certas referências em outros livros, não apenas no Morro dos Ventos Uivantes; e as frases enlatadas e forçadas nos diálogos das personagens. Só achei válidos os monólogos, e acho que o texto repetitivo ilustrava bem o estado da Júlia (Ana Paula Arósio): insistente naquele discurso e naquele sentir. O texto grudou nela, e ela se apegou à ele naquele momento.
Apesar disso, foi um filme interessante pra mim. Cada um tem sua maneira de esquecer. Uns poetizam, sofrem visivelmente e intensamente. Outros mesmo doendo tentam a vida lá fora, bebem e não esquecem, sempre repetindo embriagadamente o caso que os aflige. E tem aqueles também que batem portas, gritam na cara de quem nada tem a ver com a história, vomitam desafetos e criticam as pessoas pra sentir que todo mundo é tão errado assim, sim.
É tão importante não fingir que a dor não existe, mas eu vivo ela da minha forma. Eu sei o que sinto e o que fazer com isso. E quando não sei, ainda faço algo. Sempre faço. Achava que guardava, mas na verdade a dor estava aqui, disfarçada de mudanças físicas, de noites mal-dormidas, vestida de falta de fome ou registrada em textos e desenhos intensos. Eu vivi.
Talvez tenha sido teimosa em querer sofrer tal qual pessoas me disseram ou mostraram sofrer. Estaria eu fugindo de novo de mim - deveria ser mais obvia? Mas eu esqueci que cada um dança a dança da sua forma...
Pronto. Esqueci. Da minha forma.
(não insista, não quebrarei copos, nem gritarei em janelas de novos estranhos)